Em resposta ao Chevrolet Camaro e ao Ford Mustang, a Dodge criou um ícone
designado por Challenger, "pony car" que durou pouco tempo,
mas deixou sua marca no asfalto.
Uma indústria que em tempos de outrora fabricavam motores enormes e
pujantes, preços baixos da gasolina e estradas planas e largas criavam um
mercado único.
Os carros eram pesados e confortáveis, até que a Pontiac teve uma ideia:
aplicar o maior motor V8 disponível a uma carroçaria mais compacta e com
acabamento mais simples dando origem em 1964 o GTO. Assim chegara a era dos muscle
cars.
Na mesma altura a Ford inaugurava o Mustang a categoria dos pony
cars, correspondendo a automóveis de menores dimensões e potentes, com a
opção de 6 e 8 cilindros, obtendo-se um carro rápido e desportivo.
Durante a segunda metade da década de 1960, essa ideologia estava sempre a
crescer proporcionando que os pony cars ganhassem cada vez
mais potência.
Um dos automóveis mais importante e lembrado pelos fãs daquele período foi
a interpretação da Chrysler para o respetivo segmento: o Dodge Challenger.
A corporação demorou um pouco a entrar no território dos pony cars.
Havia anos que seus principais concorrentes, o Mustang, Chevrolet Camaro
e Pontiac Firebird (de 1967), deixavam os carros executivos de fora em cada
marca.
A ideia da Chrysler desta vez era oferecer um modelo simples, bonito,
pequeno (para o padrão americano) e com mecânica robusta. A apresentação
oficial do Challenger aconteceu em 1970. Concebido por Carl Cameron, o mesmo
criador do Dodge Charger.
A concorrência da Chrysler podia ser vista na publicidade da altura, onde
ironizava-se a ideia de pony car.
Potência era o principal chamariz desse tipo de carro, mas o Challenger
combinava a isso um belo design. Trazia de série um DNA típico dos muscle
cars, com a frente longa, habitáculo recuado e traseira curta. Os faróis
duplos circulares de cada lado com o friso cromado, fundo preto eram recuados
em relação à carroçaria. O pára-choques cromado e discreto estava inserido ao
design. A parte lateral era simples, os puxadores das portas eram embutidas.
A traseira repetia o desenho da parte frontal, com os farolins longos em
fila e recuados em relação à carroçaria, o para-choques também era cromado.
Interessante notar que a grelha frontal do Challenger foi reaproveitada do
modelo Cameron.
A nível de interiores não havia excessos: o tablier era limpo e simples,
com os mostradores circulares à frente do condutor, e conforto mediano, além
dos acabamentos simples.
Já a parte mecânica vinha com suspensão independente à frente com barras de
torção e com eixo rígido atrás com molas — o público gostava do aspeto robusto
principalmente durante as acelerações suaves, e em prol da estabilidade nas
curvas e em piso irregular. Desenvolvido sobre a plataforma E, com estrutura
monobloco, o novo desportivo media 4,85 metros de comprimento, 1,93 m de
largura, 1,29 m de altura e 2,79 m de distância entre eixos. Uma das suas
particularidades era não derivar de um modesto sedan compacto, já que o Mustang
derivou do Falcon, o Camaro do Chevy II e o Barracuda do Valiant. No caso do
Challenger, as diferenças técnicas eram maiores com o próprio Charger, do
segmento superior.
Com relação aos motores o novo carro estava bem servido, podendo usar o que
havia na Chrysler. Nas versões de entrada havia os de 6 cilindros em linha
Slant Six — com montagem inclinada, que permitia um capô mais baixo — de 3,2
litros (198 pol³) com potência bruta (padrão até 1971) com apenas 101 cv. A
outra motorização tinha 3,7 litros com 145 cv e binário de 291 Nm. O segmento
dos V8 começava com o de 5,2 litros (318 pol³) equipado com carburador de corpo
duplo, 233 cv e 432 Nm, 5,6 litros (340 pol³) com carburador de corpo
quádruplo, 278 cv e 530 Nm, da mesma série LA do 318. Já o de 6,3 litros (383
pol³) tinha 334 cv e 576 Nm, pertencia à linha B. Todos Os motores tinham de
comando de válvulas no bloco. Dois tios de caixa de velocidades estavam
disponíveis: o manual de quatro velocidades e o automático TorqueFlite de três.
Na revista americana Popular Mechanics, o Challenger com motor 340 foi
elogiado pela aceleração respeitável dos 0 a 100 km/h em menos de sete
segundos, a estabilidade, o baixo nível de ruídos aerodinâmicos e o interior
espaçoso, com bancos dianteiros muito confortáveis e bastante equipamento interior.
A Popular Science, por sua vez, destacou que o motor 440 que tem muita
força a partir das 1.100 rpm enquanto que o Hemi 426 é ótimo para aceleração, e
pouca pujança a baixa rotação.
Sobre a suspensão, a mesma considerou que é capaz de lidar com o enorme
binário e de manter o carro estável em retas e curvas, o bom conforto do
manuseamento da caixa e a pouca eficácia da estabilidade mais as molas duras é
a característica que penaliza as versões V8.
O Challenger agradou em cheio no primeiro ano de vendas 76 mil unidadades
vendidas. Além da versões base, da SE, R/T e R/T SE, a Dodge mostrava ainda em
1970 o Challenger T/A, ou Trans Am, inspirado na versão de competição do Sports
Car Club of America criada em 1966 e que recebia a presença dos desportivos
fabricados em Detroit. Sob o capô tinha um V8 340 com três carburadores de
corpo duplo — o chamado Six Pack, relativo aos seis corpos —, o que resultava
em 290 cv e 461 Nm de binário. Mas não era só isso: havia também a suspensão
desportiva Special Rallye, rodas de 7 x 15 pol com pneus dianteiros F60-15 e
traseiros G60-15 (mais largos), capô de plástico com fibra-de-vidro e saídas de
escape laterais. A versão R/T, ou Road and Track (estrada e pista), era equipada
com o poderoso V8 383 Magnum com potência máxima de 340 cv e 576 Nm e
recomendava o uso de gasolina de maior octanagem e caixa manual de três
velocidades. O comprador também tinha à disposição três outros V8: o 440 Magnum
da série RB de 7,2 litros, com 380 cv e 647Nm; a mesma versão com o Six Pack,
com 395 cv e 664Nm; no topo de linha de motores V8 o 426 Hemi de 7,0 litros,
com câmaras de combustão hemisféricas, que desenvolvia 430 cv e binário igual.
Este último com produção bastante reduzida, o Challenger alcançava 235 km/h de
velocidade máxima. Tanto o 440 Six Pack quanto o 426 ofereciam o shaker hood,
capô com uma entrada de ar se movia com o funcionamento do motor.
Os acabamentos das versões R/T podia vir nas versões coupé de capota
rígida, sem o pilar central, e descapotável — durou pouco e hoje é uma das versões
mais apetecidas para coleção e as mais valiosas. Junto ao pacote de equipamento
SE o comprador tinha à disposição bancos revestidos em couro, teto em vinil,
janela traseira independente e consola central específica. Outros dos muitos
opcionais oferecidos ao
comprador do Challenger eram capota solar, controle elétrico dos vidros, ar
condicionado, va´rios tipos de sistemas de som, bancos individuais revestidos
de couro ou de vinil e tecido, rodas com jantes de 14 ou 15 polegadas e
defletores dianteiro e spoiler traseiro.
Em 1971 a Dodge vendeu 29800 Challengers, bem menos do que no ano do
lançamento. Com o adeus do V8 Hemi e da versão descapotável o modelo começava a
entrar na fase de declínio, assim como uma boa parte dos desportivos da época,
vitimados pelas normas de poluição e pela pressão das companhias
Dodge Challenger de 1974 |
de seguro para os automóveis menos
potentes. Relativo à motorização, em 1972, havia apenas três opções — e com
potência ligeiramente menor, (a partir daqui a potência era líquida em vez de
bruta). A versão de 6 cilindros tinha 225 pol³ com 110 cv de potência máxima.
Os V8 318 pol³ e 340 pol³ (o primeiro com carburador
duplo e 155 cv, o outro com um quádruplo e 235 cv) eram opcionais. As versões
também ficaram reduzidas, existindo apenas o Challenger básico e o Rallye
hardtop. O propulsor de 6 cilindros despedia-se do Challenger em 1973, restando
os V8 318 pol³ e 340 pol³ inalterados. Outra mudança era a
adoção de um para-choques mais robusto, com partes em borracha para resistir a
impactos leves - outra norma imposta pelo governo. Comparado ao ano anterior as
vendas subiram um pouco, com 32.596 exemplares vendidos. No ano seguinte, as
novidades eram a opção de pneus radiais e a substituição do motor 340 pol³ pelo
360 pol³, de 5,9 litros. A situação em que viviam os desportivos na
corporação Chrysler teve o fim em 1974 com o encerramento da produção do
Challenger e do Barracuda, pouco mais de 16 mil unidades do modelo da Dodge
foram vendidas nesse ano — um fim discreto para um carro bastante competente,
mas que chegou tarde demais ao mercado.
Características técnicas:
Challenger R/T (1970)
Motor
Posição e nº cilindros: longitudinal,
8 em V
Nº válvulas por cilindro: 2
Diâmetro e curso: 108 x 85,7 mm
Cilindrada: 6.276 cm3
Taxa de compressão: 9,5:1
Potência máxima: 335 cv às 5.200 rpm
Binário máximo: 576 Nm às 3.400 rpm
Método
de medição de potência: bruto
Alimentação:
carburador de corpo quádruplo
Caixa:
Tipo
e marchas: manual de 3
velocidades
Tração:
traseira
Travões
Dianteiros
a tambor
Traseiros
a tambor
Suspensão
Dianteira
independente, braços sobrepostos
Traseira
eixo rígido
Rodas
Pneus
F70-14
Dimensões
Comprimento:
4,86 m
Distância
entre eixos: 2,79 m
Peso: 1610 kg
Challenger
Rallye (1972)
Motor
Posição e nº cilindros:
longitudinal, 8 em V
Nº válvulas por cilindro: 2
Diâmetro e curso: 102,6 x 84,1 mm
Cilindrada: 5.565 cm3
Taxa de compressão: 8,5:1
Potência máxima: 235 cv às 4.800
rpm
Torque máximo: 393 Nm às 3.600
rpm
Método de medição de potência:
líquido
Alimentação: carburador de corpo
quádruplo
Caixa
Tipo e marchas: manual de 3
velocidades
Tração: traseira
Travões
Dianteiros a tambor
Traseiros a tambor
Suspensão
Dianteira independente, braços
sobrepostos
Traseira eixo rígido
Rodas
Pneus F70-14
Dimensões
Comprimento: 4,86 m
Distância entre eixos: 2,79 m
Peso: 1.565 kg
Fotos:
1970 Dodge Challenger
1971 Dodge Challenger
1972 Dodge Challenger
1973 Dodge Challenger
1974 Dodge Challenger
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